segunda-feira, 21 de abril de 2014

UM POUCO DE LUCIANO DO VALE NA VISÃO DE JORNALISTAS ESPORTIVOS.


ROBERTO AVALLONE
Como todos, lamento muito a morte de Luciano do Valle. Um dos maiores locutores do esporte (levantou o vôlei, inclusive) de todos os tempos. Isso todo o mundo já sabe.
Gostaria de falar, no entanto, mais do companheiro que encontrei na Band. Embora não fosse cotidiana a nossa convivência, jamais o vi posar de ídolo contra quem quer que seja e comigo, em especial, emprestou-me até a sala que usava eventualmente, através do Zeca, nosso amigo em comum.
Pelo que conheci, tratava-se de homem generoso, mais do que fiel a seus amigos. Sofria e lutava por eles, quando preciso. Voltando a mim, muito antes da Band, quando eu estava em outra emissora (Gazeta) e comandava um debate esportivo que começava a ser relevante aos domingo à noite, eis que uma outra emissora, poderosa, decidiu lançar um programa semelhante, no mesmo horário.
E  numa tarde, lá  pelas duas meia ou três horas, recebo um telefonema. Não me lembro de que já tivesse falado com o Luciano. Mas era ele:
- Avallone, aqui é o Luciano .
Estranhei, fiquei segundos em silêncio. E fui em frente:
- Fala, Luciano…
- Negócio é o seguinte; estou sabendo da concorrência que vai acontecer. E por gostar muito de seu trabalho, quero oferecer o meu cast inteiro se você quiser aproveitar.
Claro que  queria, só fiquei agradecido. E surpreso com a atitude  de quem pouco conhecia pessoalmente, apenas pelo show de suas  transmissões. E em reunião com meu chefe da época-eu era gerente de esportes, ele superintendente de programação-, o competente e ousado Marcos Amazonas, escolhemos Maguila (na época, no auge) para enfrentar a concorrência.
E vencemos.
Graças também ao inesquecível  Luciano do Valle. Que era generoso com todo o mundo.
Que Deus o tenha.
PVC.
Confesso: meu sonho é ter 70 anos trabalhando! Trabalhando bem! Já pensou?
Estava no Soccer City, Johannesburg, África do Sul, no dia 11 de julho de 2010. Depois de achar meu lugar no estádio para a cobertura da final da Copa, Espanha x Holanda, desci alguns degraus para comprar um cachorro quente. Luciano do Valle vinha vindo, lá ao longe. Passos curtos, lentos. Nos últimos tempos, dizem os que o conheceram de verdade, andou tomando remédios, teve problemas de saúde. Alguns podem até ter atrapalhado o trabalho.
Aproximei-me:
"Luciano, é a sua décima final de Copa", perguntei.
"Décima primeira", ele respondeu.
Estiquei a mão e disse apenas:
"Parabéns!"
Se você não sabe quem foi Luciano do Valle, se é daqueles que perguntam por que agora ele parece ter um milhão de fãs, pesquise.
Eu gostaria de trabalhar bem todos os dias da minha vida. Impossível!
Não há palavras para descrever quem foi o narrador Luciano do Valle!

Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br

Conversei com ele uma só vez. Ano passado, no estádio Pacaembu, antes de um jogo. Muito gentil, me chamou pelo nome, agradeceu o convite da ESPN para o programa Bola da Vez, que gravou posteriormente, e nos despedimos.
Esquisito quando alguém que você cresce vendo e ouvindo te chama pelo nome. Acho que não vou me acostumar jamais. Foi um dos poucos caras na imprensa esportiva que, quando apertei a mão, senti algo diferente. Algo como um respeito maior.
Não, ele já não era mais o mesmo. E nenhum de nós será porque é impossível derrotar o tempo. Só arrogantes, jactanciosos, mesquinhos não vêem isso. Mas quem ousaria dizer que não foi um dos grandes? Com o microfone, narrando, e fazendo, por exemplo, o vôlei virar esporte nacional.
O cara fez a TV esportiva fechada dentro da televisão aberta com o Show do Esporte. O futebol internacional começou a ser visto por nós dentro da programação que ele idealizou. E além disso Luciano do Valle narrou muito. Eu sei porque ouvi.
Ouvi, vibrei e sofri, como em 1982, quando o Brasil perdeu para a Itália e ficamos, todos, sem chão. Agora, não há palavras...

NETO.

É com muita tristeza que comunico o falecimento do meu amigo e irmão Luciano do Valle, pra mim o maior narrador que existiu nesse País. Um cara que marcou o mundo esportivo com sua voz e com seus feitos que contribuíram demais para o crescimento do esporte brasileiro. Sempre fui muito fã desse cara e ao longo de mais de 10 anos estive ao seu lado nas transmissões esportivas da TV Bandeirantes. O departamento de esportes da emissora perdeu seu capitão. Perdeu o principal nome da casa. Espero que descanse em paz. Vou ficar aqui torcendo para que Deus dê paz a seus familiares. O Brasil perdeu uma das maiores figuras humanas do jornalismo esportivo, mas ganhou definitivamente um mito. Obrigado Luciano!


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