Fazia tempo que eu não via a seleção ao vivo. Mais de dois anos, desde a derrota para a Holanda na Copa. As idas e vindas da vida me deixaram mais enclausurado, menos na rua. Ossos do ofício.

Resolvi ir ao Morumbi. Adorei rever amigos. Adorei sentir de novo um ambiente de estádio cheio. E foi só. Não adorei nada mais.

A seleção tem que jogar partidas duras e moles. Duras para testar o time, situações, jogadores. As moles, para golear e ganhar confiança. Não dá para empatar jogo mole. Ou ganhar por pouco e no sufoco.

Saio do Morumbi com o cântico "adeus, Mano" na cabeça.

Torcedor de futebol virou um bicho muito chato. Critica seus times, jogadores, é impaciente e impiedoso. Não seria diferente com a seleção. Ainda mais em São Paulo, onde cornetar virou tradição.

No primeiro tempo, teve ar de pirraça. Com 15 minutos de jogo, estavam gritando "Luis Fabiano". No intervalo e segundo tempo, as vaias eram mais densas, mais pesadas.

Mano Menezes tinha dois amistosos para golear e se firmar. Sai chamuscado do primeiro, ainda tem o segundo. E aí dois jogos com a Argentina para sobreviver.

Por definição, sou contra ficar trocando de técnico. Não acho que resolva e não acho que Felipão ou Muricy, os dois candidatos, levariam jogadores diferentes e nem dariam um padrão de jogo muito melhor ou mais vistoso.

Mas é fato: Mano periga. E as pessoas não parecem estar ao lado dele.

O amistoso serviu, essencialmente, para Hulk e Diego Alves. Hulk pôs fogo no jogo, fez gol, mostrou que traz coisas diferentes e tem que ser titular.

Diego Alves é um grande goleiro, quem o acompanhou nas últimas ligas espanholas sabe disso. Na ausência de um dono da posição, foi bem, ganhou pontos, confiança e espaço.

Daniel Alves, Ramires e Neymar fizeram um jogo "ok", burocrático. Esses estarão no time. Aqui, os gritos de "Neymar pipoqueiro" me parecem bobagem, e das grandes. Provocação de torcedores rivais, nada mais.

Dedé e David Luiz passaram insegurança. Nenhum dos dois é um claro parceiro para Thiago Silva.

Rômulo não fez um mau jogo, mas é obvio que o número 5 é um dos problemas de Mano. Ainda não encontrou o xerife ideal, talvez seja melhor pensar em resgatar algum veterano que dê conta do recado.

Damião e Oscar, as grandes vítimas desse jogo. Oscar, vaiado antes do inicio da partida, foi discreto. Não vai perder lugar no time, mas não encantou.

Ja Damião foi vaiado desde o início. E sentiu. Tentou uma carretilha medonha só para responder as vaias. Sentiu demais a pressão, nunca se soltou, nunca acertou.

O "9" é o outro problema de Mano. Insistir com Damião? Tentar Pato e torcer pra não se machucar mais? Recorrer a um mais experiente e cascudo, tipo Fred?

O tempo dirá. Se é que o tempo vai jogar junto com Mano Menezes.